quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Cozinha do Blues com Pepito

Continuando o assunto da Cozinha do Blues, trago algo que não é muito comum neste ritímo, a Percussão.

Na cozinha a percussão seria encarregada do tempero, dando ao molho do Blues um sabor maravilhoso. Uma combinação do mais forte Blues Texano com uma dose certa do ritimo latino resume o som da Banda Marcião Pignatari e os Takeus, onde o Marco "Pepito" Soledade, é responsável pela percussão.

Este músico agrega novas características ao Blues, tornando cada vez mais rico o nosso estilo.
TB: A percussão não é algo característico do Blues tradicional, como surgiu a idéia ou o convite de você tocar na banda Marcião Pignatari e os Takeus?

MP: “Bom essa idéia começou com a nossa antiga banda Los Trepa & Zomba que tinha como objetivo unir as músicas Afro Americana (Blues, Soul e Jazz) com as demais culturas afros como a Brasileira (Ijexá, Jongo, etc.), a Cubana (Rumba, Mambo, Bembe), e a própria música Africana em 6/8. quando a banda acabou cada um seguiu um rumo diferente do que era o LTZ.

No começo de 2007 voltei a ter contato com o Márcio e numa dessas conversa ele me chamou para retomar a linha de trabalho que fiziamos anteriormente achei legal pois era diferente e ai voltei a tocar com ele em junho/2007 no festival de blues no Casa das Máquinas em Osasco.”

TB: Você tem ou teve alguma dificuldade em colocar percussão no Blues?

MP: “Não o Blues em sua essência é África pura, acredito eu que o Blues só não tem percussão porque tiraram o direito do negro escravizado de tocar tambor nos Estados Unidos, coisa que não aconteceu no Brasil e Cuba.

O desenho rítmico do Blues é muito semelhante ao dos ritmos africanos. E o Blues ele tem bastante variações, como a Rumba Blues o Texas Blues ou Rhythm & Blues são levadas onde cabe bastante percussão.

Um dos primeiro músicos a colocar conga no Jazz e posteriormente no Blues foi Chano Pozo na década de 40 quando Dizzy Gillespie foi a Cuba e se encantou com a riqueza cultural vindo da áfrica e preservada até os dias de hoje através das religiões africanas assim como no Brasil.

Depois veio outros percussionistas como Tata Günes, Tito Puente, Armando Peraza (Santana) entre outros. Ouvir esses mestres da percussão foi muito importante para desenvolver o trabalho que realizo hoje em dia.”

TB: Como você iniciou na percussão?

MP: “Na verdade eu queria tocar guitarra (risos) meu pai e tios sempre tocaram e tinham uma banda cresci ouvindo eles tocarem meu pai tocava violão e percussão nas reuniões de família rolavam umas "Jam Sessions" entre eles era muito legal eu tentei tocar violão e guitarra e não rolou não tinha muito saco pra decorar notas e a posição dos dedos.

Mas sempre quis tocar um instrumento, foi o Gercel (baixista da banda Marcião Pignatari e os Takeus) quem me convidou para assistir um ensaio de um musical que ele participava, de tanto ir me chamaram para ser contra regra em um certo momento precisava de uma batucada de samba e como meu pai tinha os instrumentos acabei entrando para banda da peça quando acabou a peça a banda que tinha se formado quis continuar tocando.

Ai eu tinha que estudar para atingir um nível como os dos músicos que já estavam na estrada a mais tempo, ai fui estudar com o percussionista Paulo Campos e fiz ULM também.”

TB: O que você indica para uma pessoa que deseja iniciar na percussão ?

MP: “O que eu sempre falo para os meus alunos é ouça muita música, conheça a cultura do ritmo que deseja tocar, cada ritmo tem sua linguagem aprenda isso antes da técnica para não soar acadêmico quadrado sem swing.

Você pode tocar Rock, Reggae ou Samba lendo uma partitura mais não é a mesma coisa de você conhecer o ritmo em sua essência, na minha opinião não se pode tocar mambo sem antes ouvir Perez Prado, Célia Cruz ou Tito Puente, quer tocar Soul ouça James Brown, Ray Charles e assim vai ouça o que veio antes são a base do atual eu tenho isso comigo todos os ritmos que procuro aprender procuro sempre essa influência do velho pois vai ser a mesma influência do cara do qual gosto de ver tocar.”

TB: Obrigado pela ajuda, e deixo aqui um espaço para seus comentários finais.

MP: "Obrigado você pela oportunidade e viva o Blues."



Pepito, muito obrigado pela ajuda. Viva a Percussão no Blues.

Veja:- Mais Informações do Pepito.

Um comentário:

Alê Rossi disse...

Tive a grande oportunidade de dividir o palco da Casa das Máquinas com o Pepito na Percussão e eu na batera...foi uma experiência única tocar blues com percussão...
Além de mandar muitíssimo bem, o Pepito é uma pessoa 100% da paz!!!
Parabéns pelo som, Pepito!!!
vamos nos encontrar mais vezes!!!
Abração!!!

Alê

Marafa / Electric Muddy