quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Mestres das seis cordas com Leonardo Lobão Cançado

Trago para o Blog um mestre, um cara que toca muito e é uma pessoa simples.

Leonardo Lobão Cançado é um grande guitarrista do Rio de Janeiro, mas não tenho muito o que dizer, é só ver e ESCUTAR este cara tocando. Observe o primeiro vídeo desta matéria e tire suas próprias conclusões. Mas já adianto, o cara é realmente um mestre.

TB: Pelo que sei, você iniciou na música por influência do seu Pai, que te mostrou muita coisa boa do Rock e Blues dos anos 70. Como é ter o Pai como influencia e com quantos anos você iniciou a tocar? Conte um pouco da sua trajetória musical.

LL: "Meu pai também é musico e viveu nos EUA no auge do movimento de contracultura, sendo exposto à toda aquela informação in loco. Era umaficcionado por bossa nova ao chegar lá mas voltou com muita bagagemde rock, especialmente Beatles, Stones, Dylan, Crosby, Stills, Nash &Young. E foi em meio a jams sessions inspiradas por esse tipo de somque eu cresci fui exposto à música.

Com o passar do tempo adquiri minha própria bagagem: ainda bem garoto pirei no show de uma das minhas bandas preferidas até hoje, AC/DC. Escutei bastante metal na adolescência, mas os velhos Houses of the Holy (Led), Smash Hits(Hendrix) e Skull and Roses (Grateful Dead) herdados do meu pai semprerolavam na picape, alternados com Iron Maiden e afins. Gradualmente fui voltando no tempo e me ligando mais e mais nas "velharias", o que coincidiu com meu interesse real em tocar guitarra.

Clapton is God,Hendrix is the Devil, Allman Brothers e tudo mais. Mergulhei de cabeçano blues no início dos 90s, pirando em John Mayall, Howlin' Wolf,Jimmy Reed, SRV e Sonny Boy(s). A esta altura já era um caminho sem volta. Hoje meu pai ouve música brasileira e jazz, tocando basica mente bossa e alguns standards, pois não é um solista. É um músico que admiro muito, e uma grande influência."

TB: Vi alguns dos vídeos da sua banda e realmente encontrei uma sintonia muito boa entre os músicos, pois tocar Allman Brothers com qualidade não é para qualquer banda. O que leva vocês a chegarem em um grau tão grande de perfeição na execução das musicas?

LL: "Bom, acho que pra perfeição ainda falta muito feijão, mas obrigado...rsrs.

Acho que a forma como a banda nasceu contribuiu muito pratocarmos esse tipo de som. Eu (guitarra), Luiz Esmiralha (guitarra evocais) e Marcello Monte (baixo e vocais) já eramos ligados em Southern Rock - especialmente Allman Brothers - há bastante tempo, e embora já tivéssemos tocado juntos em projetos anteriores, a vontadede fazer um som de rock calcado em improvisação era bem grande.

Começamos a fazer jams juntos e daí nasceu o Mamute. Sempre nos preocupamos a dar às versões uma estrutura mais livre, e músicas do Cream e Allman Brothers eram uma "plataforma de lançamento" perfeitapras nossas viagens musicais.

Pudemos contar com bateras muito bons(Zé Henrique anteriormente e Leo Novo atualmente) pra dar corda a essanossa idéia. E pra completar, como num passe de mágica, encontramos o Bama (Joe "Alabama" Tate, teclados/gaita/vocais), que na época era meu vizinho e eu descobri ser aficcionado por blues e southern rock e tertido a oportunidade de assitir nomes como Jimmy Reed (chegou a tocarcom ele!) e nada menos que o Allman Joy (o embrião dos AllmanBrothers). Nossas influências são diversas e vão de blues rural, deraiz, ao som viceral de bandas como Grand Funk Railroad e Humble Pie, mas nosso "porto seguro" é definitivamente a mágica mistura de blues,country e rock que os Allman Brothers representam como ninguém."

TB: Falando em Allman Brothers, não tenho como deixar um assunto muito importante passar, os Slides. Você toca usando algum tipo de afinação qual afinação? Quando você tocou slide pela primeira vez?

LL: "Na verdade sempre fui fascinado pelo som de slide, mas meu contato coma técnica nunca passou, até um ou dois anos atrás, de brincadeiras comum vidrinho de Complexo B, sem muitas pretensões.

Por mais que tenhasido ligado em ABB desde sempre, confesso que não era exatamente um fãdo estilo do Duane. Não me aventurava a nada além de pequenas linhasde ritmo, sempre em open tuning, pois slide em straight tuning não meagradava muito.

Nos início do anos 90 eu assitia muitos shows do Blues Etílicos e do Big Allanbik, e posso estar errado, mas acho que nessa época (ou ao menos era a minha impressão) o Otávio Rocha e o BigGilson usavam open tuning. Mas depois que descobri o Warren Haynes vique era possível ir muito longe nesse tipo de afinação, ainda soando de forma convincente.

Toco hoje tanto em open G quanto em straight, mas ainda vejo a técnica de slide como um grande desafio a servencido. Não me considero um guitarrista de slide. Mas tenho estudadoo estilo e gosto de caras que tocam tanto em open (Derek Trucks,Lowell George, Ry Cooder, Marcos Ottaviano) quanto em straight (WarrenHaynes e o fantástico Otávio Rocha, que tem sido uma grande influênciaa tocar nessa afinação)."

TB: Sabemos que tocar músicas que não fazem parte do circuito comercialé algo muito complicado no Brasil. Como você vê este problema? Quaissão as vantagens e desvantagens de ser um músico de Rock e Blues noBrasil?

LL: "Vou deixar o grande circuito comercial de fora da minha análise, poisblues e rock and roll clássico nunca tiveram este espaço no Brasil, mas ainda assim vejo diferença entre a nossa geração e a que nosprecedeu. Durante o grande boom do blues aqui no Brasil - no final dos anos 80 até a metade dos 90 - a coisa era diferente, e eu acho que a orientação do público jovem fazia muita diferença. O blues e o classic rock estavam em voga e o pessoal lotava lugares como o Circo Voador para assistir bandas como Blue Jeans, Blues Etílicos, Celso e BigAllanbik. O blues-rock estava no olho do furacão. Acho que comparandocom a década passada o blues e rock perderam um pouco de terreno, o que torna as coisas ainda mais difíceis. No caso do Mamute, acho mais difícil ainda, pois somos uma banda "lado b" que não toca os grandes hits de rock, e também não somos uma banda de blues na essência.

A vantagem é fazer o som que amamos, que está na nossa veia. Mas ascoisas estão mudando, eu acho. Novos espaços têm surgido aqui no RJ,como o Bar do Frank, um oásis roqueiro numa cidade alheia ao estilo,que tem o melhor público para o qual já tive a oportunidade de tocar,e a Banca do Blues, uma iniciativa fantástica de por o blues e o rock na rua, de graça. E como o Maurício Fernandes citou na entrevista dele, tem que ser de mãos dadas. Mais uma banda na cena não é mais um pra fatiar o bolo. É mais fermento pro bolo crescer."

TB: Leonardo, é sempre muito bom trazer pessoas talentosas para o Blog.Muito obrigado pelo tempo que perdeu respondendo estas perguntas.Deixo aqui um espaço para você fazer seus comentários finais.

LL: "Roberto, eu que agradeço o convite e o parabenizo pela iniciativa. Este cenário é muito carente de divulgação, e achei muito bom ver tantas caras novas nas diversas colunas que compõe o blog.

Sou antes de músico, um consumidor voraz de música, minha grande paixão. Citando Townshend: "Find it, I've got the hear it all again; My heart hasheard the sound of harmony; Blind to it, as my tears fall again; Butit's only by the music, I'll be free" (Time is Passing - The Who).

Aproveito pra divulgar meus projetos:

Mamute (blues rock)
Os Quem (Tributo ao The Who)

Grande abraço!"












domingo, 25 de janeiro de 2009

Vozes do Blues com Teca Figueiredo


E o Rio continua lindo, nos oferecendo sempre algo de novo para as páginas do Blog.

A cantora Teca Figueiredo tem um estilo de cantar e uma voz muito diferente de tudo, apesar de lembrar um pouco as vozes dos anos 70, ela tem um diferencia incrível e transforma as canções conhecidas por nós usando novos arranjos.

Confira o bate-papo com esta cantora singular.

TB: Escutei muitas cantoras nacionais interpretando clássicos do Blues e do Jazz, mas o seu estilo de cantar é completamente diferente de todas, seu timbre não é semelhante a nenhuma outra cantora. Como você conseguiu criar sua identidade musical?

TF: "Bem Roberto, na verdade canto musicas que só homens cantaram... Isso foi uma constatação, não uma intenção, depois que montei o show " Rock Your Soul In Blues ". Quando percebi a única musica do repertório que foi cantada por uma mulher ( Etta James ) é " Sunday Kind Of Love " . Vai ver que é por isso ! :)"

TB: É bom ter um timbre diferenciado?

TF: "Acho que sim. Fica uma marca."

TB: Qual o tipo de publico que mais te agrada?

TF: "Olha menino, eu acho o maximo poder cantar para alguem !! Todoo publico me agrada. A não ser claro eventuais mal educados!"

TB: Onde você gosta de cantar?

TF: "Ah... Já cantei em até na rua Acapella para uma prima minha dançar! Então ... Não precisa pedir 2 vezes para eu começar! Mas adoro um palco com boa estrutura."


TB: Você tem algum cuidado especial com a sua voz antes dos Shows ou mesmo quando está de folga dos palcos?

TF: "Não exatamente. Na verdade até fumo de vez em quando... Mas muito poco na verdade. O negócio realmente e se manter cantando o máximo possivel. Todos os dias. Assim a voz se mantém em forma."

TB: Um repertório ruim pode prejudicar um(a) cantor(a). Quais as dicas que você daria para uma pessoa montar um bom repertório?

TF: "Acho que um repertório ruim pode sim prejudicar um cantor. Procuro dar uma dinamica no show alternando momentos mais calmos com outros mais intensos. Dentro dessa linha voce pode escolher em abrir o show, com momentos fortes depois cair para algo mais calmo e finalizar com musicas para animar, e assim por diante. Claro ecolhendo sempre um estilo musical."

TB: Teca, é um prazer incrível ter uma cantora com uma voz tão bonita no Blog. Deixo aqui este espaço para seus comentários finais.

TF: "Obrigada Roberto. Fico muito feliz de ter um espaço como o seu para poder falar um pouco de Musica e de meu profundo amor por ela!! Fica meu endereço no MySpace para seus leitores que queiram dar uma escutada no que ando cantando por ai!"





Escutem:
- Teca Figueiredo

sábado, 24 de janeiro de 2009

Um grande show da Marafa Blues

Fui assistir a Banda Marafa Blues no Soulive(SP), e tive uma boa surpresa. (23-01-2009)

Com uma formação nova, a banda conseguiu mudar completamente o seu estilo, pois criou para grandes clássicos do Blues, novas versões com arranjos incríveis, utilizando o ótimo entrosamento das duas guitarras, que se revezam entre os solos e os Slides e acompanhados dos solos de gaita.


A cozinha da banda ganha um ótimo reforço, pois além de ter um grande baixista, o baterista é o vocal principal, dando outra idéia de formação da banda, mostrando que nem sempre o vocal deve ser o guitarrista ou o gaitista.

Uma das mudanças da banda foi o repertório, onde foram selecionados grandes clássicos do blues, que outras bandas não fazem. Este é um grande diferencial e uma grande opção para o publico que está cansado de escutar sempre as mesmas músicas que todos tocam.

Então fiquem ligados na programação da banda e vão curtir um blues bem feito.



Veja o Blog:
- Marafa Blues

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Mestres das seis cordas com Paulo Toth

A primeira musica que escutei deste grande guitarrista tocando foi a “Same Old Blues”, e logo percebi a sutileza e o feeling de suas frases.

Paulo Toth é um guitarrista que toca com a alma e que passa seus sentimentos para o som de sua guitarra.

TB: Quanto tempo faz que você da aulas de guitarra? Você é um professor que cobra muito de seus alunos?

PT: "Antes de responder, quero agradecer pela oportunidade e de parabeniza-lo pela iniciativa do blog em divulgar o blues nacional.

Comecei na música aos 12 anos tocando contrabaixo numa bandinha de garagem, aos 13 já tocava profissionalmente em um grupo de musica nacional animando festas e bailes. Aos 16 passei para a guitarra e após estudar por 2 anos em conservatório comecei a lecionar para financiar meus estudos . Então leciono à 29 anos guitarra e contrabaixo. Nesse interim trabalhei em outras atividades, fui bancario, mecanico , etc... mas nunca parei de lecionar, em 87 fundei em conjunto com minha esposa, que é pianista, a Blue Note Ensino Musical, escola de musica em São Bernardo do Campo , São Paulo.

Quanto ao preço, cobro R$ 100,00 mes por uma aula semanal individual, o que é uma media de mercado."

TB: Existem pessoas querendo aprender tocar Blues? Qual a faixa etária desses novos guitarristas?

PT: "Infelizmente são poucas as pessoas que procuram a escola especificamente para tocar blues, o blues costuma estar entre suas preferencias, mas não pela definição do estilo mas sim pelos artistas ou seja, gostam de Clapton , Hendrix, entre outros mas não os classificam como blues.

Aqueles que vem procurando aprender blues estão acima dos 28 anos."

TB: Estamos passando por uma nova onda de guitarristas, derivados dos jogos de vídeo game, como o Guitar Hero. Você acredita que esses jogos podem trazer mais jovens para o Rock e o Blues?

PT: "Sim, tenho visto muitos alunos bem jovens procurando a escola por causa do guitar hero. Não conheço o jogo com profundidade, mas acho interessante ver alunos bem jovens querendo tocar Mississipi Queen do Mountain , Sunshine of your Love do Cream, coisas que estão completamente fora do universo deles. "

TB: Como você vê o cenário do Blues no Brasil?

PT: "Como todo estilo musical fora da midia, o blues é pouco divulgado, o que torna o seu mercado restrito à um público especifico. Mas com o advento da internet e graças a pessoas abnegadas como voce que montam blogs, radios, etc.. via rede, o blues tem sido mais divulgado em nosso país. Vejo muitas novas bandas surgindo e as casas e bares estão mais receptivos ao estilo, pois sou do tempo que a única coisa de blues nacional que tinhamos era o Celso Blues Boy."

TB: Quais as dicas para ser um guitarrista de blues?

PT: "Antes de ser um guitarrista de blues , voce deve ser guitarrista. Infelizmente nunca seremos Bluesman, pois para isso teriamos que ter vivido naquele tempo passado pelas mesmas coisas etc.... Ser um bluesman antes de tudo é vivencia e isso nos não temos. Mas podemos tocar blues e para isso é necessario estudo, se até para sermos garis temos que ter 2º grau completo!!!! Pena que na politica não seja assim..... mas voltando ao assunto, primeiro estude, depois aprenda com que entende, OUÇA os CLASSICOS, B.Bking, Albert King, Muddy Waters, Elmore James, Lightning Hopkins e muitos outros que fizeram a história do blues, somente esses caras podem ensinar alguem como tocar blues. Não se deixe influenciar por malabarismos musicais, seja simples, seja honesto consigo mesmo e toque com o coração , isso é Blues."


TB: Toth, muito obrigado pela sua participação aqui no Blog. Deixo aqui este espaço para seu comentário final

PT: "Quero parabeniza-lo por seu trabalho à frente do blog, divulgando o trabalho de bandas e musicos de blues, agradecer por essa oportunidade, e colocar a mim e a meu grupo "The Lady Blues Band" a sua inteira disposição .


Abraços."




Veja e escute:
-
Vídeos
- MySpace

sábado, 17 de janeiro de 2009

Você já escutou Cartola hoje?

Em 11 outubro de 1908, nascia um dos mais geniais compositores brasileiros, Agenor de Oliveira, mais conhecido como Cartola.

Cartola é um dos maiores ícones do Samba brasileiro, e como este Blog é dedicado ao Blues, qual o motivo de falar de um sambista?

Este carioca poderia ter seu nome impresso na história da música mundial se tivesse nascido em outro país, e se isso fosse verdade, não teria sido um sambista. Como sabemos, a memória do nosso povo é muito curta e o gosto musical é algo lastimável e aposto que 90% da nossa população nem sabe quem foi esse mestre.

Sim, apesar de ser um sambista, sua vida se confunde com muitos bluseiros. Ele trabalhava como pedreiro e foi onde herdou seu apelido, pois para proteger seus cabelos do cimento, usava um chapéu coco.

Neste período se tornou amigo de Carlos Cachaça, que foi o responsável por apresentar a vida malandra do morro e o samba. Assim, junto com mais alguns amigos, fundaram a Estação Primeira de Mangueira.

Não sei exatamente o período de sua vida que foi dado como morto, pois se afastou do samba, do morro e dos amigos. Em 1957, o Jornalista Stanislau Ponte Preta o encontrou e iniciou um trabalho de divulgação, dando origem aos quatro discos de sua vida.

Mas o que me faz escrever deste mestre aqui no Blog, são as coisas da vida que fazem parte das letras de suas músicas.

Claro que quando falamos em Cartola, já lembramos de “As Rosas não falam” e o “Mundo é um Moinho”, e apesar dessas poesias maravilhosas, existem muitas outras obras que poderiam ser grandes letras de Blues.

Um exemplo é a “Amor Proibido”, que fala de uma paixão pela mulher de um amigo, uma outra obra é “Cordas de Aço”, onde ele descreve o violão como se o instrumento fosse um corpo de mulher.

Uma das mais lindas é a “Peito Vazio”, uma letra feita em um momento que só um homem sofrendo por amor poderia ter escrito.

Não sou a melhor pessoa para escrever de samba, mas sei que meu pai, um boêmio de São Paulo, que viveu na malandragem e nas rodas de samba iria gostar de ler este meu artigo. Então amplie seu conhecimento musical e aprenda com quem realmente fez musica no Brasil.



domingo, 11 de janeiro de 2009

Mestre das seis cordas com Társio Sagges Venâncio

O blog está sempre em busca de talentos nacionais e desta vez temos a felicidade de bater um papo com o Társio Sagges Venâncio, que é um guitarrista de Barueri, cidade pertencente ao Estado de São Paulo.

O Tarcio explora muito bem o Soulth Rock e o Blues malandro de Chicago, seu som possui uma característica própria e um timbre incrível.

TB - Ser canhoto dificultou seu aprendizado? É fácil encontrar bons instrumentos para canhoto ou você usa guitarra de destro invertida?

TSV - "Ganhei meu primeiro violão em 1998, usado e destro, um modelo de cordas de nylon da Giannini, nem um pouco recomendado aos blueseiros... rs. E logo de cara percebi que não conseguiria tocar como destro (embora eu escreva com a mão direita).

Num primeiro impulso virei o violão ao contrário e me senti muito mais confortável para tocar, porém quando levava o violão ao colégio não conseguia fazer os mesmos acordes que o pessoal que tocava fazia (pois as cordas estavam para destro, num violão para canhoto, ou seja de cima para baixo das finas para as grossas).

Quando eu descobri que podia inverter as cordas o problema se resolveu permanentemente. Então diferentemente do Albert King e Otis Rush, eu toco com as cordas invertidas também para canhoto.

Com o tempo (e um pouco mais de experiência) aprendi que preciso de guitarras canhotas devido à funcionalidade e até mesmo a estétic. Guitarras canhotas são realmente mais difíceis de se encontrar, principalmente aqui no Brasil, mas com o tempo, paciência e muita procura consegui montar um set com o qual estou satisfeito, no qual todas as guitarras e violões são canhotos. A única desvantagem é que eu sempre preciso levar o meu instrumento para qualquer lugar em que eu queira tocar..."

TB - Sei que você tem paixão por instrumentos e amplis, como surgiu esta paixão e quais os brinquedos da sua coleção, que você gosta mais?

TSV - "Certa vez num programa de carros vi uma frase marcante, que diz que "os meninos nunca crescem, só os preços e tamanhos de seus brinquedos". Acho que essa frase vale também para guitarras e guitarristas. Eu não tenho um instrumento predileto, pois procuro usar de acordo com necessidade da banda ou música.

Na Marafa Blues Band, banda na qual toco utilizo uma guitarra Stratocaster (como utilizam Robert Cray e Eric Clapton) para músicas do Howlin Wolf e Albert Collins. Como não gosto de tocar slide com a Stratocaster, uso também uma semi-acustica 335, que é uma guitarra bluesy perfeita para a tocar british blues e slide.

Toco também num projeto tributo aos Rolling Stones chamado Banda Hot Rocks, na qual utilizo uma SG ou Les Paul em músicas como Gimme Shelter e It's Only Rock and Roll, e como na podia faltar uma Telecaster afinada em Open G (afinação usada por Keith Richards e que possibilita "aquele som" único dos Rolling Stones)."

TB - Hoje você está tocando na Marafa Blues, que tem um outro guitarrista incrível, o Cláudio Crotti. Como é trabalhar com outro guitarrista que também toca slide? E como fazer os sons das guitarras soarem tão distintas, sendo que elas estão plugadas diretas nos amplis?

TSV - "Acredito que em uma banda é necessário que os músicos ouçam bem em primeiro lugar, e depois toquem. Assim é mais fácil moldar o som de uma banda. Na Marafa Blues não é diferente, e embora o Claudio e eu sejamos um pouco "pedreiros", nós tentamos tocar apenas o que a banda pede e nada além disso, pois antes de tudo temos muito respeito pelo blues. Embora nós 2 toquemos slide e solos, nós sempre tentamos tocar algo diferente um do outro, e em muitos casos eu abaixo bem o volume da guitarra e a banda soa só com o Claudio, e vice-versa. E essa atitude vale para toda a banda, então a Marafa Blues soa bem concisa, sem exageros. Então estou satisfeito (e eu geralmente sou o chato da banda, que fica no pé de todo mundo... rs), pois a banda soa exatamente como queremos que ela soe."

TB - Sei que você busca a perfeição nas execuções das musicas, assim como a qualidade sonora. Como um bom detalhista, você cobra muito de você mesmo e dos seus companheiros de banda, para que o som saia o mais perfeito possível? Isso é uma qualidade aceita por todos os integrantes das bandas que você toca ou já tocou?

TSV - "Eu não diria que eu sou detalhista, mas me considero muito purista no que se refere ao blues. Gosto e ouço demais Chicago Blues, e gosto da maneira como aquelas bandas soavam, aonde cada músico tocava um pouquinho e era um som cheio. Você escuta isso nos discos do Howlin Wolf e do Little Walter. Então sou reconhecido por ser chato, e me cobro e cobro da banda mesmo!! Rsrsrs...

Me critico e critico a banda também, da mesma maneira que também elogio e reconheço quando o trabalho ficou legal, pois é muito gratificante. Mas quem me conhece e toca comigo sabe que eu sou pego no pé mesmo, mas que é sempre pelo bem do som da banda e sempre com muito respeito. E outra, depois dos ensaios a gente vai tomar uma cerveja e esfria a cabeça.

A amizade é muito importante numa banda."

TB - Társio, é um grande prazer ter você no Blog. Deixo aqui este espaço para seus comentários finais.

TSV - "Roberto, foi uma grande honra participar. É impressionante a quantidade de informações, entrevistas, vídeos e materiais sobre Blues reunidos aqui no blog. Acho muito importante reunir as pessoas que se familiarizam com o blues e o classic rock, pois tem muita gente boa tocando nos bares por ai. Eu só tenho a convidar quem gostar de blues para conhecer o www.myspace.com/marafablues , e aos fãs dos Rolling Stones para conhecerem o www.myspace.com/bandahotrocks."

Escute:

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Gustavo Andrade & Hot Spot Blues Band - Feeling Alright

Veja este clipe do meste Gustavo Andrade & Hot Spot Blues Band, com a música Feeling Alright.

Incrivel !!!! Está é a parala que define o vídeo Clipe.



domingo, 4 de janeiro de 2009

Qual Slide usar? - por Don Morcego

Realmente é questão de gosto, mas existem “Tendências”, que valem a pena citar:

a)-se você usa cordas finas e ação baixa, deve evitar slides muito pesados.vidro fino cairá melhor.

b)- se você toca de palheta,quanto mais liso(polido), menos interferência nas cordas que não estão em ação e logo um som mais limpo.

c)- se você usa "cordas altas" ou "calibres pesados com ação baixa" e tocar com os dedos(abafando cordas que não estão em ação) pode usar o que te der na telha.

d)- se você usa cordas altas ou baixas com calibre pesado "de palheta", evite slides porosos. (eles tangem cordas que não deveriam e sujam o som)

A grosso modo, slide POROSO e PESADO. gera mais sustentação e ataque, porem pedem uma técnica. de ABAFAMENTO perfeita, onde só as cordas que estão em ação ficam livres.

O slide LISO é menos interferente podendo ajudar a quem usa palhetas, soar mais limpo.
Mas, quase sempre o guitarrista, pela sensibilidade acaba escolhendo o que lhe cai melhor mesmo não sabendo essas coisas.

Espero ter ajudado! ABRAÇO FORTE!!!
Don Morcego


Leia mais:
- Matéria no Blog com Vídeos
- Matéria no Blog do Marceleza

Nosso Blues perde um Mestre Fábio Sirih

(Fábio Sirih e Mr John)


Sai de cena o grande músico Fábio Sirih, que foi integrante da lendária Calibre 12 Blues Band, percussora do blues paulistano.

Lutando contra um câncer no fígado, faleceu nesta quarta-feira 31 de dezembro de 2008.

Sirih foi compositor de um dos maiores sucessos da Burning Bush: "Terno Azul". Acompanhou muitos artistas da cena Blues no Brasil e foi considerado um dos melhores Bluesman do BRASIL!