quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Cozinha do Blues Sandro Gelezoglo Grineberg

Foto: Tilson Alve

Está enganado aquele que pensa que ser baterista de blues é fácil. O Blues é um ritmo peculiar e tem muitas características próprias quando falamos da bateria.

Sandro Gelezoglo Grineberg é um dos mais completos bateristas de blues da atualidade. Ele possui uma técnica impar e um bom gosto incrível, isso faz dele um mestre na arte de tocar bateria. algo que não posso descrever em palavras.

TB: Quando você iniciou a tocar Bateria? Quais são suas principais influencias? Fora o blues, quais outros estilos você toca profissionalmente?

SG: "Tudo começou por volta de 1985, eu tocava raquete de tênis numa banda que dublava AC/DC, Ramones e Motorhead...rs. Fazíamos shows para milhares de pessoas na garagem do batera da banda, queria ser guitarrista como um monte de outros garotos da minha idade. Um dia minha mãe disse: “Filho você tem que tocar bateria, é muito mais bonito”. Ela achava o Phill Rudd do AC/DC o cara e o Angus ridículo...rs. Enfim eu acabei ouvindo os conselhos da mamãe e me tornei baterista. Tive aulas com o José Eduardo Nazário, Duda Neves e mais recentemente com Lael Medina. Minhas influências são amplas e vão desde Art Blakey até Charlie Watts. Gosto dos bateras que tocam “simples”. Admiro muito o Steve Jordan também.

Fora do blues profissionalmente trabalho com trios de jazz e bossa nova para eventos institucionais. É uma coisa que gosto muito de fazer. Tenho estudado muita música brasileira."


TB: Encontrar um grande baterista de Blues é muito difícil. Como você adquiriu sua técnica? Quais são as dicas que você daria para os novos bateristas?

SG: "Acho importante que o batera de blues conheça todos os ritmos que envolvem o estilo que é muito rico nesse sentido. Existe uma infinidade de levadas de shuffle, as rumbas e os mambos, as levadas de New Orleans, Chicago, os funks, slow blues e muitas outras ramificações. Timbre também é uma coisa importante, mas cada um tem que achar a sua onda, trabalhar as dinâmicas e ficar de olho no que está acontecendo no palco, ouvir o que os caras estão tocando e segurar o trem nos trilhos. O mais importante mesmo é ouvir muito blues, conhecer os temas mais importantes e as diversas interpretações deles, aquela coisa de por o disco e tocar junto."


TB: Quais são as maiores dificuldades de se tocar blues no Brasil?

SG: "Sou otimista quanto ao blues no Brasil. Acho que o mercado melhorou muito. Tem diversos festivais acontecendo pelo país, músicos estrangeiros tem vindo tocar aqui, o que é ótimo porque podemos ver os caras ao vivo e aprender muito. Temos gente indo gravar lá fora e os de fora fazendo participações nos discos aqui no Brasil. Muitos programas de TV e rádio têm cedido espaço pro blues, sem falar na internet.

Claro que ainda temos problemas de organização, casas noturnas que não respeitam o trabalho dos músicos e músicos que também não respeitam a profissão, acho esse o ponto mais sério. Também tem o lance das distâncias, o Brasil é gigante e o transporte é difícil e caro. Esses problemas não são só do blues mas do mercado de shows em geral."
Foto: Tilson Alves
TB: Quais são seus projetos atuais? Com quem anda tocando?

SG: "Atualmente sou integrante do Adriano Grineberg Quarteto, que acaba de lançar o CD “Key Blues” e tem se apresentado bastante.

Também sou baterista da banda do gaitista Márcio Maresia que está lançando o CD “Blues Brasileiro”.

Recentemente toquei ao lado das Mulheres Blueseiras & Vasco Faé no Festival Sesc’n Blues promovido pelo SESC.

Também dou aulas particulares de bateria e atualmente estou desenvolvendo um método de ensino de bateria como auxiliar terapêutico para portadores de dislexia e TDAH."


TB: Sandro, muito obrigado aceitar o convite para participar do blog, fiquei muito feliz. Deixo aqui um espaço para suas considerações finais.

SG: "Gostaria de agradecer a oportunidade de participar do Terremoto Blues que é um grande espaço para a divulgação do blues e mandar um grande beijo pra minha mãe que é a culpada por eu ser o que sou hoje...valeu mãe!!!"



(Programa do Jô - I Can't Be Satisfied )



(Centro Cultural São Paulo - Walking by Myself )

Um comentário:

Dani disse...

Parabéns pela entrevista!
São músicos com essa qualidade que gostaríamos de ver cada vez mais na mídia. Espero que o bom gosto e a curiosidade musical do Sandro possa influenciar e incentivar os amantes da boa música.